quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

doenças de cabeça se curam no coração

diferem- se dos loucos os normais
as coisas banais
os beijos fatais 
os tais pelos tais 
a vida sem leis
os casos à seis 
as consequências reais
as melodias ,a embriaguez.

o que é , o que é?

ele nasce antes do nascimento e cresce exponencialmente em relação a barriga...
ele brinca no coração das crianças ,mesmo que elas não saibam que ele existe...
ele salta aos olhos dos amigos que guardam a saudade no coração ,mas a dissipam com um longo abraço...
ele vai da barriga ao pescoço ,causando sensações inexplicáveis nos apaixonados...
ele está presente nos olhos dos homens ao verem as mulheres realizarem gestos simples como mexer no cabelo ou abrir um sorriso...
ele está nas lágrimas da perda e no retrato da mesa...
ele serve de desculpa e ensinamento, ajuda alguns e confunde outros...
ele é o bem e o mal,  o certo é o errado , a verdade e todas suas mentiras 
o fogo no gelo e o começo do fim...
ele dói e dá prazer , é o descontentamento descontente...
a guerra e a paz , o vulgar e o sensível, a noite e ,também, o dia...
o céu e o inferno, deus e ele , mortal e imortal...
tudo 
e
nada
....
ai, ai é o amor.  

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ando na rua olhando para os lados.Isso poderia ser entendido como uma ação comum que aprendemos quando somos crianças, mas não é.Não olho para ver se está passando um carro, o que eu não fiz esse final de semana e quase fui atropelada, mas ando para ver se há alguém suspeito capaz de cometer uma injúria contra minha pessoa e me transformar em mais um número no Jornal Nacional.E vivo assim, desde que entendi que existe uma possibilidade, e ela não é pequena, de ser afetada pela ação de terceiros que tem terceiras intenções como a  fome ou o vício,bem mais urgentes do que em passar no vestibular ou viajar para a Europa.Enquanto eu luto pelos desejos citados anteriormente, aparece uma voz na minha cabeça que diz que eles são muito fúteis, que eu sempre vivi muito bem, obrigado, e não sei o que é morar na rua ou ter que abrir mão do meu corpo em troca de umas migalhas, não sei o que é dormir no esgoto, catar lixo para comer, apanhar da polícia sem ter como me defender, perder meu senso de humanidade para continuar a sobreviver.E ai ,eu me sinto pior do que o lixo..

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Fugir é para os fracos ,diria meu irmão.Porém, há certos momentos que a fuga é a saída mais difícil e você deve mostrar muita coragem para sair andando sem olhar para trás.
Há várias contradições na vida, pessoas que não querem lutar e outras que não querem parar de lutar. Qual delas está errada? Qual se sente pior? Who knows? O que interessa é que elas não encontram um meio termo, não sabem sair do lugar que são sentadas e isso consome energia, tempo, felicidade.
Se fugir é ruim imagine-se olhando o mesmo rosto a vida toda e desejar ser diferente ,cortar o cabelo ,fazer a barba, viajar, conversar mas continuar ali parado , só pensando sem agir ,sem fugir, sem lutar , sem parar de lutar contra si mesmo e continuar ali, fixo.
Fugir não significa pegar o passaporte e voar para a Austrália nem tão pouco criar uma nova identidade para viver uma nova vida ,esquecendo-se dos problemas familiares ,financeiros , conjugais...  Pelo contrário, significa o tempo que uma pessoa precisa para se equilibrar e encarar tudo e todos de forma mais racional e eficiente.Claro que existem pessoas que podem fazer dessa fuga uma das melhores férias de sua vida, mas quem não tem todo esse poder pode achar em uma música ou um passeio à praia forças para continuar.
Fugir não é esquecer , é lembrar.Lembrar  que seres humanos não nasceram em uma sociedade descontroladamente confusa , cheia de obrigações como a nossa  e não tinham ,o que convencionamos chamar, de tempo.Para eles a vida era simples e fugir, uma questão de sobrevivência. Aproveite que não há animais ferozes nos perseguindo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sessão metalinguagem




Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!

Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...

A liberdade das almas,
ai! com letras se elabora...
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam...

Detrás de grossas paredes,
de leve, quem vos desfolha?
Pareceis de tênue seda,
sem peso de ação nem de hora...
- e estais no bico das penas,
e estais na tinta que as molha,
e estais nas mãos dos juizes,
e sois o ferro que arrocha,
e sois barco para o exílio,
e sois Moçambique e Angola!

Ai, palavras, ai, palavras,
íeis pela estrada afora,
erguendo asas muito incertas,
entre verdade e galhofa,
desejos do tempo inquieto,
promessas que o mundo sopra...

Ai, palavras, ai, palavras,
mirai-vos: que sois, agora?
- Acusações, sentinelas,
bacamarte, algema, escolta;
- o olho ardente da perfídia,
a velar, na noite morta;
- a umidade dos presídios,
- a solidão pavorosa;
- duro ferro de perguntas,
com sangue em cada resposta;
- e a sentença que caminha,
- e a esperança que não volta,
- e o coração que vacila,
- e o castigo que galopa...

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Perdão podíeis ter sido!
- sois madeira que se corta,
- sois vinte degraus de escada,
- sois um pedaço de corda...
- sois povo pelas janelas,
cortejo, bandeiras, tropa...

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Éreis um sopro na aragem...
- sois um homem que se enforca!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

crenças

Atualmente,as pessoas que falam coisas óbvias são consideradas gênios ,uma vez que o mundo inteiro vem repetindo  as mesmas bobagens ao longo dos séculos.Parece difícil acreditar na mudança,mas ela pode acontecer.
A esperança de um futuro melhor para o Rio de Janeiro está tão próxima ,que não enxergá-la só pode ser um problema de hipermetropia; não é preciso gastar quintilhões de dinheiro,mas pelo menos uns milhões...para oferecer o que está escrito na nossa idolatrada constituição cidadã: dignidade da mesma forma a todos os homens.O que falta no Brasil não é dinheiro( porque isso nos vemos muito em contas alheias),o que falta é vontade política,aquele sentimento que pode ser superado se for deixada de lado a preguiça e a ganância,que perpetuam a miséria  e fazem com que a possibilidade de uma vida melhor em uma das cidades mais violentas do mundo seja considerado uma utopia.
A violência é como um indicativo,funciona como a medição de oxigênio em um lago: quanto menos oxigênio ,menos peixes podem sobreviver dentro dele.Da mesma maneira quanto menos distribuição de renda,menos pessoas podem viver dentro de um ambiente saudável  .A falta de oxigênio facilita o crescimento de bactérias anaeróbias que vão decompor o material orgânico morto no lago; a falta de oportunidade , a percepção de injustiça  e a necessidade de modificar a realidade já que o governo não cumpre o seu papel, favorecem o crescimento de assaltos, tráfico, golpes ,que comportam os anseios de seres humanos que não acreditam no futuro e as vezes perdem o senso de respeito pela vida para poder sobreviver em um mundo que chamavam de paralelo ,mas que a muito tempo está cruzando nosso caminho.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

relacionado: O Pequeno Príncipe



 - Bom dia, disse ele.




—Bom dia, disseram as rosas.


— Quem sois ?  perguntou o príncipe


— Somos rosas.



— Ah! exclamou o principezinho...
E ele sentiu-se extremamente infeliz. Sua flor lhe havia contado que ela era a única de sua espécie em todo o universo.
E eis que haviam cinco mil, igualzinhas, num só jardim!
Depois refletiu ainda:
"Eu me julgava rico de uma flor sem igual,
e é apenas uma rosa comum que eu possuo...
Isso não faz de mim um príncipe muito grande...
" E, deitado na relva ele chorou.

                                                                 (O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry)


- Não precisa chorar,principezinho. A rosa é única ,sim, porque ela é especial para você.

a rosa



o que sabes tu ,pequena rosa
o que sabes tu, admirada
o que sabes desse mundo perverso,
desse mundo que foge da beleza,
que cultua o horror
sabes nada...
tiveste a sorte de nascer flor,
de significar paz ,
de permanecer amor.

relacionado:Revolução dos Cravos

Essa revolução derrubou o regime salazarista em Portugal no dia 25 de abril de 1974,quando militares revolucionários marcharam até o Terceiro Paço, onde ficavam os ministérios, e com o apoio popular acabaram com o regime autoritário que durou 40 anos.




"Quando as vendedoras de flores chegaram ao Rossio, o gesto delas foi espontâneo: enfiavam cravos vermelhos na ponta dos fuzis. Que diabos de revolução era aquela? Não se ouviam canhonadas nem gritos de dor. O povo, endoidecido pela súbita lufada de liberdade, subia nos tanques e se abraça nos soldados. Mulheres, crianças, velhos, todo mundo saiu de casa para celebrar aquele acontecimento extraordinário."
                                                                                                                                        (http://educaterra.terra.com.br/voltaire/seculo/2004/04/23/000.htm)

o cravo





ao viver, entorna luz,
ao morrer, fica tímido
contido ,mas
nunca perde
seu charme...